segunda-feira, 26 de julho de 2010

Heróis de Verdade


Madre Teresa de Calcutá é uma pessoa por quem eu tenho profundo respeito. Não sou católica, mas qualquer pessoa, independente da fé que professe, que tenha seus atos sedimentados pelo amor ao próximo é digna de minha admiração.

Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1979, Madre Teresa dedicou sua vida aos pobres e oprimidos. Revestida de humildade, todos seus gestos exalavam amor. Falou de paz tanto para os mais simples, como para grandes chefes de Estado. E todos, sem exceção, lhe davam crédito. Era a expressão da paz, candura, da esperança.

Após sua morte, algumas cartas, escritas no decorrer de sua vida foram divulgadas. O teor são as angústias, questionamentos e várias porquês sem respostas que a freira, numa espécie de terapia, fez para outros religiosos, mostrando em cada linha o quanto é parecida com qualquer um de nós.

Saber que essa mulher, por quem tenho tanta admiração também teve suas dúvidas, fez-me um bem enorme. Pois quero admirar pessoas que caem, mas se levantam. Que se questionam, mas têm a fé, que não é destituída por uma suposição. Gente que sente medo, mas também reconhece que precisa de coragem para dar mais um passo. Que mesmo sem força, não tem vergonha de pedir ajuda.

E assim como Madre Teresa, olho para tantas outras pessoas, que lutam a cada dia, que são afligidas por muitas dúvidas, e que mesmo sem encontrar respostas plausíveis, não desistem, continuam lutando, acreditando em Deus.

Pois, tem dias que o sol está brilhando, o céu sem nenhum prenúncio de tempestade, no entanto, o nosso ser está inquieto, prestes a entrar em erupção. Uma sucessão de interrogações povoa a mente, um medo horripilante nos paralisa, nos cega e não nos deixa ver nada além do que incertezas.

O fato de nos sentirmos tristes em um dia, de querer jogar tudo para o alto, não nos faz melhor, nem pior do que ninguém, nos faz sim, reconhecer que somos humanos.

Os heróis também sentem medo. Antes de receberem uma faixa, uma medalha, subirem ao podium, tiveram que ultrapassar barreiras, derramar muitas lágrimas e ter sua alma corroída pela angústia.

Portanto, as crises existenciais e os medos fazem parte da jornada.

Os seus obstáculos interiores serão bem maiores do que os reais. Por isso, não desista. Cabe a quem quer vencer, dominar os sentimentos negativos e caminhar rumo a realização de seus sonhos.

Elliana Garcia

Encontrando motivos para sorrir

Estava fazendo um curso e conheci uma garota, que para alguns, poderia ser classificada como azarada, pois tudo de ruim acontecia com ela. Mas confesso, que era maravilhoso esperar o intervalo para ouvir suas histórias. E o que me chamava à atenção na verdade, era a forma como ela encarava as situações adversas.Um dia ela me contou, que fora dar um simples passeio com uma amiga e quando percebeu, estava dentro de um buraco.Embora não tenha ficado gravemente machucada, precisou da ajuda dos bombeiros para sair de lá. Ela contava o ocorrido com tanta graça, que era impossível não rir também.

Essa colega me disse também, que enquanto estava naquele buraco ouvia a voz da amiga pedindo para ter calma, que em poucos instantes ela sairia dali. E em meio aquela situação, as duas começaram a rir e o tempo de espera pelo resgate, embora fosse de desconforto e angústia, se tornou também num motivo de piada. “A minha única alternativa era olhar para cima e esperar. Não adiantava ficar chorando, pois eu poderia me machucar, perderia as forças, passaria mal e no final ainda teria um trauma terrível. Resolvi encarar tudo com bom humor”, disse-me.

Quantas vezes estamos felizes, andando pelas calçadas da vida e quando percebemos, parece que fomos engolidos por um buraco? Sair ileso vai depender de como encaramos o que nos acontece.

Os fracos sentam, abaixam a cabeça, choram, culpam a vida por tudo e só vêem o fim. Já os guerreiros, olham para cima e agradecem aos céus, pois enxergam oportunidades para testarem seus limites. E você, como encara os momentos em que parece que uma cratera se abriu diante dos seus pés?

Por mais que estejamos no fundo do poço das incertezas, o sorriso ainda é um antídoto valioso para seguir a vida com graça. Só tendo pensamentos positivos, acreditando, olhando para o alto é que teremos êxito. É de onde vem a nossa força, o nosso combustível para ir além.

Outra lição maravilhosa é de quanto os amigos são essenciais em nossas vidas. Eles podem ser o elo que nos liga a um salvador, podem acionar o botão da emergência quando precisamos. Podem até não impedir que caiamos em um buraco, mas estarão ao nosso lado esperando o socorro chegar.

Os amigos têm o poder também de nos confortar nos momentos tristes. De nos fazer sorrir, mesmo quando o que queremos é só chorar. E de nos dirigir uma palavra de ânimo e que acalme o nosso coração.

A forma como encaramos as adversidades faz toda a diferença. Tirar lições do que nos acontece é imprescindível para que tenhamos uma vida sem traumas.

Seja em qualquer situação, o que importa é acreditar. Deixar murchar em nosso ser a alegria de um novo amanhecer é viver uma vida sem sentido.

Por isso, encare os momentos turbulentos com bom humor. Fortaleça seu interior, arquive pensamentos positivos, encha seu ser de fé e quando precisar busque esses recursos de motivação dentro de si. Pois a esperança nos anima, nos dá vigor para continuar em direção a outras conquistas. E mesmo que no meio do caminho você porventura caia em um buraco, terá forças para sair de lá e enquanto caminha, ainda encontrará motivos para sorrir.

Elliana Garcia

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quando os ipês florescem

O Ipê é uma das mais conhecidas árvores brasileiras e possui além da fama, uma beleza rara e exótica. De cores variadas, desde o branco matiz, ao amarelo ouro, floresce de norte a sul do país. Suas primeiras flores brotam em abril, no pico do outono e quando o inverno cede o lugar para  a chegada da primavera, seus galhos floridos, ainda estão colorindo as ruas, praças e jardins.

A exuberância do Ipê quando começa a florescer, encanta a minha alma. O fato de começarem a brotar quando todas as árvores estão sendo desfolhadas (no outono), também me leva as reflexões das mais profundas.

No frio do inverno quando queremos nos recolher, nos abrigar de qualquer vento ou frieza é que ele majestosamente aguenta os olhares de indiferença e continua enfeitando o mundo, nos provando que vale a pena arriscar, andar na contramão da história, fazer o que ninguém tem coragem.

E na nossa vida, mesmo que as estações estejam desfavoráveis, mesmo que digam que tudo será em vão, ainda assim, podemos lutar e iluminar o mundo de cor e luz. Ainda que poucos olhos e corações poéticos vejam nosso esforço.

Mesmo no frio cortante, com a maioria das árvores adormecidas, o ipê dá um ar primaveril a essa estação. Contrariando a tudo e a todos, suas flores desabrocham na seca. Portanto, mesmo na aridez de nossas vidas é possível deixar desabrochar algo de bom.

O que me fez escrever sobre os ipês foi avistar uma árvore repleta de flores e no dia seguinte olhar e ver essas mesmas flores cobrindo o chão, como se fosse um imenso tapete. E o que parecia tão triste tornou-se espetáculo.

Nós também temos os nossos ciclos. Um dia estamos cheios de flores e beleza, em outro somos desfolhados pelo vento. Mas a vida segue e depois voltamos ao ritmo do universo, voltamos à vida. 
E quando avistar um ipê, lembre-se disso. É hora de deixar renascer seus sonhos.


Elliana Garcia

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Valor da amizade

Falar de amizade, sem falar da minha amiga Zel é impossível.

Nos conhecemos quando tínhamos entre três e quatro anos de idade, mas a nossa amizade se fortaleceu mesmo algum tempo depois. Essa amiga faz parte de minha história, está presente em vários capítulos de minha vida e marcou os momentos mais preciosos de minha existência.
Temos várias histórias hilárias e o valor da sua amizade vai além de qualquer coisa.

Nos apaixonamos pelo mesmo homem e nunca disputamos o amor dele, pois a nossa amizade estava em primeiro lugar.

Lembro dos livros que líamos. Júlia, Sabrina, Bianca e assim como nas histórias sonhávamos com um príncipe encantado que iria nos fazer feliz para sempre.

A fantasia sempre foi um lugar mais aconchegante do que a nossa realidade.

A vida tratou de nos separar fisicamente, mas arrumamos um jeito de estarmos sintonizadas. Trocávamos cartas, sabíamos de tudo uma da outra, e uma saudade que aumentava a cada dia.

O tempo foi passando, a cartas ficando cada vez mais raras. Mas a nossa amizade sempre ultrapassou todas as barreiras. Muitas vezes nos víamos no aeroporto, entre um embarque e outro.

Construímos outras histórias, vivemos amores, tivemos decepções e um desses amores que resolveu sair da sua história, deixou a minha amiga arrasada. Achei que jamais ela fosse amar novamente.

Mas Zel continuou acreditando e praticando a arte de transformar a derrota em vitória, a coragem de ser ela mesma e amar de novo.

O final da história de minha amiga parece extraído de um dos romances que líamos na adolescência. Uma igreja simples, mais de 400 A. C em Roma, na Itália, foi o local para selar a união dela com o Luca, um verdadeiro príncipe italiano que chegou nem cedo, nem tarde demais, mas no momento certo para fazê-la feliz.

Fiquei emocionada ao ver a foto de seu casamento e mais feliz ainda por essa amiga me mostrar que apesar das dores, decepções, vale a pena acreditar no amor, na amizade, dar uma oportunidade a si mesma e tentar quantas vezes for preciso para ser feliz.

Elliana Garcia

domingo, 18 de julho de 2010

Há Males que vem para o bem



Nada como um dia após o outro ou simplesmente as experiências para nos fazer entender que se algumas coisas não saírem conforme o planejado, por mais que não vejamos nenhuma luz no fim do túnel naquele momento, tudo está sendo feito para que possamos lá na frente vivenciar algo melhor. Você perde aqui, mas depois será recompensando. É assim que tenho entendido a vida.

Conversando com um amigo sobre as voltas que o mundo dá, me detive exatamente em algo que me ocorreu há alguns anos, que tinha tudo para ser duradouro, mas que teve um fim de repente. E eu não aceitava esse fim de forma alguma. Passei por um período de luto, introspecção e para não pirar de vez, já que não tinha tanta força emocional como hoje, centralizei toda a minha força e tempo no trabalho e estudo.Tranquei-me em minha dor e não queria compartilhar nenhum dos meus sentimentos com ninguém.

Até que chegou um momento onde não dava mais para viver sozinha, precisava trazer à tona alguma coisa boa que estava escondida dentro do meu ser. Deixar os amigos se aproximarem, permitir que as pessoas gostassem de mim.

Me despedi do passado, virei a página, roteirizei meus projetos, mudei de bairro, de pensamento, entendi que a vida estava me dando uma nova chance e decidi VIVER..

Depois dessa conversa com esse amigo, entendi que se eu não tivesse passado por todo esse processo doloroso, jamais o teria conhecido. Tenho certeza disso. Minha vida teria tomado outro rumo e eu não teria a oportunidade de conhecer não só esse amigo, mas muitos outros que partilham comigo de momentos únicos, mágicos, de solidariedade, sentimentos e me ajudam a transformar acontecimentos banais de minha existência, em lembranças infinitas.

Hoje, quando a vida segue outro rumo,ou quando um ponto final é colocado no lugar de uma vírgula, eu sei que é a vida me dando a chance de conhecer pessoas novas, de vivenciar outras experiências, de escrever um novo capítulo de minha existência que com certeza terá mais emoção, brilho e vivacidade.

Só o tempo para mostrar que sofremos por antecipação, que nos angustiamos à toa, que sequestramos momentos de nossas vidas por não acreditar que há males sim que vem para o bem. Por experiência própria, posso dizer que a dor do passado é insignificante diante do que tenho vivido, da grandeza de ter encontrado pessoas tão lindas, maravilhosas e que não consigo mais imaginar a minha vida sem elas.

Li essa frase, "Quem sabe o fim não seja nada e a estrada seja tudo."

Quem sabe o fim de algumas coisas não seja o início de outras muito melhores. Para mim pelo menos, foi.

Elliana Garcia

sábado, 17 de julho de 2010

De frente pro Espelho


Estava pensando em aplicar botox e me livrar de vez de uma ruga de expressão que vai de um lado ao outro de minha testa fazendo um caminho tortuoso quando fico nervosa ou pensativa.
Diante do espelho, fui apresentada a outras rugas e marcas que apareciam ao longo do rosto.

Calculando mentalmente as contas de um botox que deveria ser aplicado duas vezes ao ano, pensei: o que mudaria em minha vida o fato de parecer alguns meses mais jovem?

Claro que cuido da minha parte externa, mas, entre malhar o corpo ou fortalecer o espírito, sempre fiquei com a segunda opção. E foi aí mesmo que me detive quando me perguntei onde fora parar essa busca por ser alguém diferente, um ser iluminado?

Escondida entre tantas interrogações bobas dei um sorriso. Rindo de mim mesma observei uma covinha que ladeia o meu rosto quando sorrio com vontade. Prestei atenção no que um amigo me disse tempos atrás, que quando abro a boca num sorriso, meu olhar fica pequeno e transmite um brilho diferente.

Me olho mais uma vez. E essa linha que cruza a minha testa me fazer reviver tantas sensações.

Essas marcas contam a minha história e de uma forma poética me dão a dimensão de quem sou hoje.

E como disse uma amiga "essas ruguinhas expressam o quanto chorei, vivi, amei, sofri, sorri”.

Com uma intervenção estética eu poderia até ter de volta o frescor da juventude, mas de nada adiantaria se o meu ser estivesse recheado de desespero ou falta de esperança.

Melhor continuar assim...
Pode ser que um dia eu aplique o botox. Mas por enquanto essas marcas de expressão tem marcado um momento de redescobrimento. Transformei o meu espelho no meu melhor amigo. E comecei a enxergar os pontos positivos que só podem ser vistos quando mergulhamos dentro de nosso ser.

A beleza que vem de dentro é o que dá brilho ao nosso olhar, ilumina nosso rosto, é responsável pelo sorriso que brota lá do fundo e contagia os que estão a nossa volta. E graças a Deus eu tenha essa luz que me permite enxergar belezas escondidas e o dom de transformar pequenos momentos em grandes acontecimentos.

Vamos aumentar a autoestima mulherada. A maioria tá malhando o corpo e enchendo o ser de orgulho. Inflando o peito com silicone, mas esquecem de um sorriso verdadeiro. Fazendo dietas malucas, mudando tudo exteriormente e esquecendo do mais importante...de cuidarem de si mesmas, da sua alma, do seu espírito.

Equilíbrio é fundamental em qualquer setor. Quer malhar? Oba!!! Mas reflita se não há um sobrepeso de falta de solidariedade, de falta de educação, de amor próprio, pelo semelhante, pela vida.

Quem não me conhece, pode pensar que estou sendo utópica. Mas tenho visto na prática o quanto a simplicidade, o carinho, a alegria e a educação tem efeitos surpreendentes na vida de uma pessoa.

Elliana Garcia

Não Desista dos Seus Sonhos



Benditas são aquelas pessoas, que, a despeito das dificuldades, continuam tendo o seu coração aquecido pela chama da esperança de um dia realizar seus sonhos. Independente de qual seja,sonho é sonho. Pode parecer loucura para os outros, mas o que importa, é o valor que ele tem para você.

Mas, tem horas queridos, que por mais que sejamos otimistas, a realidade se mostra atroz, cruel, que quer colocar um ponto final em tudo aquilo que ousamos idealizar.

O que fazer, quando o mundo parece estar contra nós? Quando o semáforo do tempo estaciona no vermelho, nos impedindo de seguir em frente? Desistir de tudo, chorar, espernear, se sentir o pior dos seres?

Sei o quanto é difícil quando precisamos dar uma pausa em nossos sonhos, ou quando mais precisamos e ele não acontece. Parece que entramos em um deserto, onde a vida parece seguir em passos letárgicos. Andamos, andamos, e não saímos do lugar.

Mas podemos passar por esse deserto sem sentir tanto o calor das frustrações. Como? Aproveitando esse tempo de aparente ostracismo para criar, pensar e fortalecer esse ideal que nesse instante parece mais uma miragem, do que em algo que você acreditou.

Andar pelo deserto não é fácil, mas tem suas compensações. É só lá que temos a chance de avistar um oásis.

Quem é sonhador de carteirinha, sabe o que um sonho representa e o quanto ele é vital em nossa existência e como nós precisamos dele para que a vida se torne mais bonita e colorida.

Quem sonha, abre as janelas de seu ser para visualizar novas oportunidades. E o sonho que vai nascendo de mansinho nos dá força, mexe com emoções adormecidas, trazendo à tona todo esse desejo de viver e ir além.

Por outro lado, há aqueles que tiveram o coração preenchido por sonhos, mas perderam a motivação ao longo do caminho. De tanto se sentirem calejados com os “fracassos” da vida, deixaram de tentar.

Quais os sonhos que você deixou para trás?

Não importa a sua idade, nem os obstáculos que você terá que transpor. Nunca deixe atrofiar a sua capacidade de sonhar. Ainda dá tempo de correr, de lutar e transformar seus mais secretos desejos em realidade. Se você teve que dar adeus a alguns sonhos, isso não o impede de realizar outros. De encher a sua alma de encantamento, de colocar brilho no seu olhar. Pode até parecer até utopia, mas por mais difícil que esteja, não desista dos seus sonhos.

Elliana Garcia

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Celebrando a Vida



Enfim, meu aniversário. Confesso, adoroooo quando chega essa data, pois além de receber abraços, carinho, me sentir mais amada e especial, aproveito também para fazer um check-up mental, jogar fora o que não me acrescenta, reavaliar posturas e partir para uma nova etapa, na construção de quem sou verdadeiramente.



E percorrendo mentalmente todo o percurso por onde trilhei durante esses anos, percebi entre tantas dores e decepções, algo extraordinário; a minha capacidade de sonhar, de sempre enxergar alguma coisa boa, de mesmo por debaixo dos escombros, avistar um resquício de luz, da capacidade para juntar os cacos, polir o quebrado e refazer a vida sempre.


Nessas andanças por caminhos tão meus, descobri tantas nuances de mim mesma que se a minha vida fosse uma colcha de retalhos diria que muitas partes foram remendadas; E mesmo pedaços, costurados em épocas e com estampas diferentes estão em total sincronia com tudo que sou. Não há cor opaca, desbotada, parece que a cada dia a colcha de minha vida ganha mais cor, vivacidade, pois tenho buscando as coisas do alto, fortalecendo o meu espírito e querendo sempre, ser alguém melhor.



Hoje, tenho maturidade para transformar os erros em aprendizados, pois apesar das turbulências, dificuldades, as coisas acontecem numa rapidez que enche meu baú com tantas histórias que sempre tenho alguma coisa pra contar.



E só tenho que agradecer. Os amigos que eu tenho, pessoas que chegam de repente e acabam encontrando na minha amizade, na minha forma de lidar com a vida um porto seguro, onde sabem que podem voltar quando os mares estiverem turbulentos. Amigos que compartilham comigo um pouco de suas vidas, de seus sonhos e que também se tornam verdadeiros oásis no meio do deserto, quando a minha alma precisa de refrigério.


E assim, olhando para partes fragmentadas de minha vida, vejo que cada peça se encaixa, que tudo está, aonde deveriam estar e que só tenho que celebrar cada pequeno momento, pois são desses momentos que construímos a nossa história, a nossa vida. E o melhor da vida é viver.

Elliana Garcia

O Valor de um abraço

 Sou jornalista e gosto de conhecer a história das pessoas. Estava na rua, entrevistando uma pessoa, quando apareceu uma mendiga que me olhou e perguntou: você pode me ajudar? A primeira coisa que me veio à mente: Ela vai me pedir dinheiro. Como se adivinhasse meus pensamentos, ela respondeu: Não quero dinheiro, preciso de uma caneta e uma folha de papel, você pode me dar? Passei o papel para ela, pedi que esperasse eu terminar a entrevista, pois queria conhecer a sua história.

Ao final da entrevista fui conhecer aquela mulher. Não era feia esteticamente, embora tivesse os olhos sem brilho, ofuscados pelas agruras da vida. Ao me despedir, ela me olhou e perguntou: posso te pedir mais uma coisa? Talvez você não possa me dar.

Será que ela queria minha bolsa, roupa, dinheiro? Na dúvida, respondi sim.

Ela me pediu um abraço.

Antes de ir trabalhar eu havia lavado o cabelo, tomado banho com um sabonete líquido cheiroso, passado creme no corpo, usado um perfume que amo. E aquela mulher que há dias não tomava banho me pedindo um abraço?

Eu fiz o que tinha que ser feito. Seu cheiro não era dos melhores, mas eu não podia negar esse pedido. Abri os braços e primeiro deixei ela me abraçar, depois meus braços a envolveram e a abracei também. Depois do abraço, ela enxugou uma lágrima, mas já tinha outro brilho no olhar e me disse. É que gosto de dar abraço e faz tanto tempo que não ganho um. Obrigada por me abraçar.

Meu coração se derreteu naquele momento e comecei a chorar. Com tanta dificuldade, dormindo na rua, aquela mulher poderia me pedir qualquer coisa, mas me pediu um abraço.

Agradeço a Deus por ter um trabalho que amo, por fazer o que sempre quis fazer e por ter a oportunidade de encontrar pessoas que ainda vê que os bens mais valorosos que temos não podem ser comprados, como um abraço por exemplo. Esse abraço não fez bem só a ela, fez a mim também...

*Elliana Garcia

Mercado Municipal de São Paulo


Sabor, beleza e história


Por Elliana Garcia



Passear pelo Mercado Municipal de São Paulo, também chamado de Mercado da Cantareira ou Mercadão, é embarcar em uma viagem de cores e sensações que faz bem aos olhos, mente e paladar.
Com uma área de 12,6 mil metros quadrados, o prédio em estilo neoclássico, projetado pelo escritório do engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo, começou a ser construído na região central da capital paulista em 1928. Quando ficou pronto, em 1932, foi usado como depósito de armas e munições pelos revolucionários constitucionalistas. A inauguração só aconteceu em 25 de janeiro de 1933. Hoje, o local, que possui vitrais coloridos que mostram cenas do campo, como a lida com o gado e colheita do café, movimenta diariamente 350 toneladas de produtos e recebe aproximadamente 14 mil pessoas por dia: comerciantes, amantes da gastronomia, turistas de todos os cantos do País, donas de casa, visitantes eventuais, gourmets, entre outras, que encontram no mercado diversidade de produtos, de várias partes do mundo. Até o Rei Harald 5º, da Noruega, em sua primeira visita oficial ao Brasil, em 2003, não resistiu e foi experimentar as delícias do lugar, famoso internacionalmente pelos bolinhos e pastéis de bacalhau e sanduíches de mortadela.



Cores e Sabores


Circular pelos corredores do Mercadão é trilhar por um caminho de surpresas. As mais de 300 bancas do espaço despertam os sentidos nas suas variáveis formas: ilumina os olhos dos visitantes com a diversidade de cores, apura olfatos com diversos cheiros exalados e aguça o mais exigente paladar, além de despertar a curiosidade ímpar de conhecer itens multicoloridos e exóticos de diversas partes do Brasil e do mundo.
A pitaya, fruta de origem chinesa ou colombiana, por exemplo, é uma que atrai o nosso olhar. Parecida com a alcachofra, possui três variedades: a rosada por fora com a parte interna branca, a rosada por fora com a parte interna vermelha e a amarela, que por dentro é branca. Suas sementes parecem com a do kiwi. Pesa de 150 a 600 gramas e possui gosto adocicado, que lembra o melão. Pode ser ingerida crua ou utilizada para fazer suco ou vinho. Azedo mesmo é só o valor da fruta, que dependendo da origem pode custar até R$ 120 o quilo.
Outra fruta bastante exótica é o mangostin, ou a fruta da rainha. De origem asiática, lembra a nossa popular fruta do conde e a colombiana granadilha, que parece um maracujá. É possível também encontrar umbu - fruto originário do Nordeste brasileiro, utilizado para sucos, geléias e doces -, licuri - um coco pequeno do sertão da Bahia -, além de frutos da Amazônia, morangos americanos e frutas desidratadas.


De dar água na boca



Impossível não ficar tentada a parar em cada banca. Seja pela recepção animada dos vendedores, ou pela tentação em provar tudo que se vê pela frente. Carnes, embutidos, defumados, queijos diversos, alcaparras, grãos, pimenta, temperos, bacalhau da Noruega, azeitonas chilenas e gregas, castanhas, vinhos, azeites raros, doces árabes, chocolates. Um pedacinho de cada parte do mundo sendo representado nesse pedaço do paraíso.
Reforma
Nos anos 70, o Mercadão passou por uma crise e foi cogitada a sua demolição. Comerciantes e simpatizantes lutaram e, em 2004, aconteceu a maior reforma do local, que ganhou mezanino de 2 mil metros quadrados, destinado à praça de alimentação, com 8 restaurantes, espaço gourmet - com cozinha equipada para aulas de culinária e eventos ligados à gastronomia -, e um local reservado para shows musicais, apresentações teatrais, feiras de artesanato e eventos diversos, que atraem os mais variados públicos.


Um século de história


Se a história do Mercado da Cantareira por si só já é cheia de encanto, a de quem ajuda a fazê-la não poderia ser diferente.
Leonardo Chiappetta, de 56 anos, conheceu o Mercadão aos 10 anos. Ele acompanhava o avô, Carlo Chiappetta, imigrante italiano que veio tentar a sorte no Brasil no início do século passado. Em 1908, o avô fundou o Empório Chiappetta. Com a inauguração do mercado, em 1933, o estabelecimento mudou para lá. O pai do então menino Leonardo herdou os negócios da família. O garoto, a princípio, não queria fazer o mesmo que seus antepassados. Formou-se em engenharia mecânica e tornou-se um empresário bem-sucedido. Mas o amor e a tradição familiar falaram mais alto. Ele vendeu a empresa e deu sequência ao negócio iniciado pelo avô.
O comerciante nos conta várias histórias, entre elas a dificuldade dos imigrantes para encontrar produtos provenientes de seus países de origem. A abertura do Mercadão tinha esse intuito, de suprir a população. “O mercado era um pouco distante para muitas pessoas, mesmo assim, elas frequentavam o local duas vezes por dia. Por não terem refrigerador em casa, compravam pela manhã o que iriam utilizar no almoço e retornavam à tarde para comprar o que fariam para o jantar. Era a melhor forma de se obter produtos frescos”, lembra.
Além da tradição do negócio da família, passada de pai para filho, pergunto que lição Chiappeta herdou do avô e do pai: “Assim como eles, passei por vários momentos difíceis. Por diversas vezes a água das enchentes chegou a 1,2 metro de altura no mercado. Perdemos tudo. Mas sempre buscamos forças para recomeçar.” E é essa força de recomeçar sempre que tem perpetuado a história dessa família em São Paulo e de seu estabelecimento, fundado há 102 anos.
Visitas


O Mercado Municipal fica aberto de segunda a sábado, das 6 às 18 horas. Aos domingos e feriados, das 6 às 16 horas. O endereço é Rua da Cantareira, 306, centro de São Paulo.
O espaço também tem o serviço de visitas monitoradas, num roteiro com duração de 2 horas que acontece às terças, quartas e quintas. Para participar dessas visitas é necessário agendar com antecedência de pelo menos 24 horas. O telefone é (11) 3313-2444. Outras informações: www.mercadomunicipal.com.br .