quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Força dos Campeões

Os campeões têm a capacidade de mudar as suas estratégias, mas nunca mudam os seus sonhos. Eles podem perder a partida, mas nunca a dignidade

Por Roberto Shinyashiki




Desde criança eu admiro os campeões. São eles que têm a força de superar todos os desafios que a vida lhes apresenta. Podem perder muitas batalhas, mas nunca desistem. Têm a capacidade de mudar as suas estratégias, mas nunca mudam os seus sonhos. Podem perder a partida, mas nunca a sua dignidade.

O campeão não é o que tem mais força física, mas sim aquele que tem mais força no seu coração. O campeão não é aquele que destrói seu adversário, mas sim quem consegue aprender as lições que o outro nos apresenta. O campeão é aquele que tem como arma a capacidade de amar o próximo. O campeão não é o teimoso que repete o mesmo caminho mesmo que ele sempre traga a derrota, mas aquele que aprende as lições e tem humildade para evoluir a cada batalha.



Depois da minha experiência como consultor psicológico nas Olimpíadas, um jornalista me perguntou o que era o fracasso. Levei um susto porque nunca tinha pensado no significado dessa palavra. Parei uns momentos para pensar no assunto e descobri que fracasso não é quando se perde uma batalha, mas quando se desiste de lutar.

Enquanto você estiver lutando por um objetivo ninguém pode dizer que você é um derrotado. Enquanto você estiver lutando sempre vai haver uma nova oportunidade de virar o resultado. O fracasso só acontece para aqueles que desistem porque no momento da desistência é que a partida realmente termina.

O único adversário que existe mora dentro do seu coração. Quanto você briga com o outro você não olha para o único lugar onde estão as respostas: dentro de si próprio. A única batalha que vale a pena ser disputada é aquela em que você enfrenta os seus medos.

Além da vitória

O campeão não sossega. Está sempre procurando desafios. Jamais se acomoda e está constantemente inventando novidades. Foi assim com Picasso: estava com quase 90 anos e continuava pintando como um louco. Foi assim com Pablo Casals, o grande instrumentista que ensaiava várias horas por dia também à beira do nonagésimo aniversário. Incansável, comentava que no futuro “não queria ser visto como alguém decadente”.

Lembro-me de uma entrevista com Ivo Pitanguy, na qual ele dizia que na sua juventude olhar as montanhas de Minas Gerais estimulava sua fantasia. O importante, para ele, era imaginar o que havia por trás do que sua visão conseguia captar e sonhar conquistá-los algum dia.

Os campeões têm dentro de si o desejo de superação. Aquela mescla de celebração pela vitória com a vontade de chegar a uma nova conquista rapidamente. Como dizia Ayrton Senna, para quem acomodação era palavra proibida: “Depois de uma corrida, procuro visualizá-la mentalmente e, quando a analiso, sempre descubro algo que eu poderia ter feito melhor: um traçado, uma curva, um momento de acelerar ou frear”... Em síntese, sempre dá para fazer melhor do que da última vez.

O campeão quer sempre se aprimorar. Escuta as críticas, pede opiniões, analisa sua performance... Tudo com o objetivo de ir além. Claro que, apesar de ouvir diferentes opiniões, ele sabe que a decisão é sua e assume as conseqüências dos resultados.

Não há limites aos seus sonhos. O campeão nunca diz: “Isso não é para mim”. Ao contrário, ele determina o seu objetivo e procura desenvolver a competência necessária para realizar sua meta. Ele nunca se distrai com uma vitória do passado, pois sabe que dentro da fruta do sucesso há sempre algumas sementes do fracasso. Ele adora a vitória, mas não deixa que a vaidade o conduza à acomodação.

Avance apesar do medo

Muita gente tem a fantasia de que primeiro precisa perder o medo para depois começar a agir. Mas nós somos seres com alma, portanto, sentir medo faz parte da nossa essência. Sempre vamos sentir medo em momentos de decisão. O medo não é um sinal para você suspender uma decisão, mas sim para avaliá-la com muito cuidado.

Nós somos mais do que nossos corpos, nossos pensamentos e nossos medos. Nossa consciência tem o poder de perceber quando uma mudança é necessária para criar uma vitória. Todo grande salto em nossa vida vem acompanhado de medo, mas nós precisamos fazer o que deve ser feito apesar do medo. Respeite o seu medo, mas faça-o entender que ele não será uma barreira para seus sonhos...

A capacidade de virar o resultado

Na cabeça do campeão, uma palavra permanece em evidência o tempo todo: agora! Ele tem consciência de que não pode deixar para amanhã o que os concorrentes podem fazer hoje. Seu espírito de competição e o desejo de vencer fazem com que ele supere os desafios do trabalho porque tem consciência de que esse é o caminho para a vitória.

O campeão quer sempre materializar seu sonho e dá tudo de si para que isso aconteça. É sempre poético dizer que se deve trabalhar por prazer, mas a verdade é que realizar sonhos freqüentemente é uma tarefa muito árdua. Somente a consciência do resultado de seu trabalho vai lhe dar energia para treinar, treinar e treinar. Resultados são sempre conseqüência de muita dedicação, boas estratégias e, principalmente, prazer de viver.

Hoje é dia de respirar fundo, olhar para dentro de você e buscar aquela energia que está escondida dentro do seu coração. E então, sair do vestiário e buscar sua próxima partida, tendo em mente que você é um campeão. Não porque você sempre ganhou todas, mas porque você nunca desistiu depois de uma derrota.